A
filha toca a mãe e o sangue bruxo
Entrelaça
as veias para fluir mais longe,
As
faces e os gestos se misturam,
As
semelhanças aliviam suas diferenças,
A
jovialidade sufragia a maturidade materna,
A
maturidade desilude a juventude filial
Para
que tudo se equilibre nesta aparência de caos.
A
mãe abraça a filha,
Choram,
se sorriem, se acalentam,
E
uma malícia peso pena de tabu acaricia a tabuada
Dos
toques, amaneiramentos das mãos e olhares.
Tomam
sorvete juntas,
E
a mãe ainda a manda ir dormir.
Hoje
permanecem abraçadas
Como
se a vida fosse acabar ali,
Ou
então como se realmente nada fosse acontecer
E
a seriedade fosse displicência,
Mas
o caso é que choraram, se sorriram
E
ainda se acalentaram.
A
filha às vezes brinca de querer mamar
E
a mamãe deixa a filha brincar.
Também
brincaram de trocar de mesmo namorado uma vez:
O
namoro se alternou durante um ano a cada mês,
E
ainda não sabem se ele realmente existiu, pois sumiu
Sem
deixar nenhum vestígio.
Parecem
gêmeas siamesas pela bruxaria sanguínea,
Os
olhos bruxuleando no escuro
Como
os de gatos siameses.
Seus
olhos no escuro se trocam, se alternam.
A
mãe ainda a pega na escola
E
tem ciúmes dos colegas meninos,
Mas
a filha também não muito se interessa por eles.
Vivem
um pouco sós,
Mas
o sol bate na vidraça e isto às vezes basta.
A
mãe tem problemas.
A
filha também coleciona alguns.
A
mãe ainda quer casar,
A
filha talvez não queira que ela se case,
Mas
cada caso seria um caso,
E
se por um acaso casasse com alguém que não deixasse rastros
O
universo das duas retomava
O
ensimesmamento siamês
De
seus estranhos e belos traços.
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