quarta-feira, 21 de junho de 2017

TENSIVO

Opalináceas revoam o céu heráldico,
Azul-leitoso como a beleza vaga
De um desmaio de sono.
Uma permuta de oscilações,
Um delírio cromático –
Cromo em Cronos – tenta
Destruir a representação,
Marchetando o mundo
Pelo ouriveso de algum oculto artista.
Entre o representado e a destruição,
Frincho as palavras,
Exaspero o desejo da tensão.  

segunda-feira, 19 de junho de 2017

SEM TÍTULO (O BODE DIVINO)

O bode divino
Em estado de dor e aleluia
Estertora, convulso,
Ora na confusão
De procurar no corpo
Todos os seus pênis
E vaginas.
Seus ouvidos afeitos
Aos salmos, aos cantos
E às recitações aforísticas
Já não distinguem
Entre o que entoa
A vagina da testa
E os seis ânus
Do abdômen.
Excitado com a confusão,
Com a dor e com a luz,
Os pênis da cabeça
Imitam a coroa de espinhos.
O bode divino
Bale o bafio da besta
Com saudades
Do corpo de Deus.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

SEM TÍTULO (MAIS LEVE QUE FÉCULA,)

Mais leve que fécula,
Mínima como gesto de feto,
Precisa como ponta de faca,
Inconsciente como a vida,
E ao mesmo tempo
Ática fácula,
É a película de saliva
Que recobre um seu dente
Quando quase fala
Algo que só se fala
Quando a luz se acalma.