quarta-feira, 29 de outubro de 2014

SEM TÍTULO (GRÁVIDA DE UMA ESPÉCIE DE DEUS,)

Grávida de uma espécie de deus,
Ela abocanha a luz bailarina
Com a alga de sua mão.
Com nítida sensação de paz
- Paz úmida, com toque salirófilo -
Seus olhos nadam no céu,
Enquanto de seu ventre aflora
Túmida esperança em carne:
Nadar no céu, voar na terra. 

SEM TÍTULO (UMA JAPONESA)

Uma japonesa
Cuidando de bonsai:
A beleza.

domingo, 19 de outubro de 2014

SEM TÍTULO (A PALAVRA)

A palavra
Adquire substância.
Gesticula e gestua.
Adquire sentidos
E os desregra todos.

JUVENTUDE MARXISTA

Luta de classes.
A diretora as conciliava.
No dia seguinte,
A luta continuava.

sábado, 18 de outubro de 2014

SEM TÍTULO (FLORES DE FOGO)

Flores de fogo
Desenham um rosto
Que se transforma em seu rosto
Queimando as trevas.
Um toque de fécula
Feminiza o vento.
Uma labareda
Que canicula um arabesco
No escuro
Às vezes é só um desejo
Que calcula
Sua intensidade
No entrevamento
Do coração da cidade.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

SEM TÍTULO (ME FANTASIO NO POEMA)

Me fantasio no poema
Místico-erótico
San Juan de la Cruz
Fantasiando com Maria.
Dom Diniz
Também em fantasia,
Cantigo o amor
Para alguma atriz pornô
Que assuma o posto
De rainha.
O poema se fantasia
De poema para abraçar
A minha fantasia.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

HELIANTO

Um crisântemo em crise:
Espanto em riste
Perante o sol atuando
Como um helianto gigante.
Uma sombra triste
Por ser sombra
Sem luz que a assombre.
A flórea sensação lá fora,
Que a luz do sol aflora:
Sua atuação
Viceja interativa,
Não obstante distante.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

VIDÊNCIA

No sepulcro dos olhos,
Viu Édipo, horrendo e pulcro
Em sua própria tragédia,
O poema da psique
Se construindo como legado
De toda geração humana?