sábado, 29 de dezembro de 2018

SEM TÍTULO (NO FUTURO ME CASAREI)

No futuro me casarei
Com quatro mulheres
Casadas entre elas.
Uma cyberpantera
Que terei de alimentar todo dia.
Umx desgeneradx
Que ganhará o gênero feminino
Ao sentir o calor do café
Do café da manhã
(Seu gênero hibernará,
Então, até o próximo café
Do café da manhã).
Uma poliamorosa cósmica,
Yogini viciada em iogurte,
Mãe de duas bi gêmeas
Canábicas de dez anos
Em transicionamento:
Uma para transhacker incel,
Outra para transhalterofilista chad.
Uma ativista dos direitos
Não humanos, com tendência
Ecoextremista mas que,
Definitivamente,
“Não faz mal a um inseto”.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A BOCA DA NOITE


O céu esclarece
Com uma face
Relativamente enjoada,
Neopentecostal.
A cidade está
Mais dinâmica,
Entrecortando olhares
De gênero fluido.
Uma mulher
Me pede informação
Com o hálito
De soda italiana
De amoras negras:
“Onde fica o cartório,
Por favor?”
A cada palavra
Vem do hálito,
Agora, amarula,
Licor de cacau,
Suco de laranja.
Demora um pouco
Para a noite.
Uma mulher
Que pergunta
Onde fica o cartório,
No meio da tarde,
Deveria ter hálito de café.
Quase nenhuma palavra
Saiu com a necessária sobriedade.
A noite chega,
E penso, na boca da noite,
Na boca da mulher,
Como um bar
Ou um pub
Que ainda não pude
Visitar.