Gosta de se vestir de oficial nazista a pequena
Todesengel a pequena desgraçada a pequena amorosa amada em um campo de
concentração nenhuma lingerie da moda é suficiente gosta de falar alemão
revistar procurar piolhos na cabeça judia comunista de se vestir de PM e de
vigia de presídio quem seria o professor? o manifestante procurado? o black bloc escondido? o presidiário? é integrante do Femen
castigando machista em pose da Playboy
só que mais ácida mais artista mais ativista mais artevista anti-Hugh Hefner da
mídia ninja ou não a pequena mutante a pequena mascarada a pequena jogadora que
gosta da inversão que depois se veste de escrava acorrentada à procura do
senhor cadela pônei gata leite e ração no pote e a pequena é gigante de
ideologia ativista artevista professora manifestante comunista feminista a cama
é uma a vida outra são outras vias a cama é até maior que a vida mais vasta a
cama tem maior gama do bem e do mal e além tem outra ética éticas demais e além
tem outra ótica sem preocupação não vazará nenhuma sextape nenhuma sextape nenhuma
sextape ela apaga ela no fundo não
confia em ninguém ainda bem.
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
FUTURO DE CASAL
Sou
voyeur e quero uma mulher
Que
se deixe possuir por Belzebu,
Que
deixe o demônio arder seu cu.
Quero
me vestir de exorcista por capricho
E
ouvir seu gutural de Emily Rose,
Desviar
de seu vômito de mostarda
E
te ver como uma tarântula
Descendo
a escada,
Te
ver ter convulsões
De
risos com efeitos sonoros
Em
poses finais ao modo de Aretino,
Girar
a cabeça com os olhos virados
E
ler a Bíblia ao contrário
Com
um sotaque cretino.
Este
é o futuro de poesia
Que
imaginei para nós dois.
Isto,
ou então eu contrair
Uma
DST em uma zona
E
não me tratar
Para
morrer em seus braços depois.
MEDO DO ESCURO
Fear of the Dark
Não
é música que provoque medo,
Mas
há sombras
Que
com seu balé suspeito
Provoca
as sobras
(Abastadas
sobras)
Do
animal que mora
Em
nosso peito.
A
mímica obscura do revólver,
Da
faca ou o voo
(Imposto
pelo imposto)
Da
bomba de gás lacrimogêneo.
Todo
gesto nas sombras
Pode
ser de amor ou de tortura,
E
a peça nua no quarto
Envolta
em sombras
E
sobras de peças de roupas
Pode
ser carinho de casal,
Uma
história ao modo de Stoya
Ou
um fantasma estuprador
Boliviano
fazendo lívidas
As
histórias de vida.
As
sombras envolvem o mundo
Em
sua mística da indistinção,
E
toda ilustração
Também
carrega escuridão.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
MEMÓRIA
É imaginativa a memória,
Assim como uma ficção passada
Também se fia em seu enredo.
Mesmo assim nela confiamos,
Pois assim ela é e tece
A narrativa de nossa vida.
Uma ficção passada
Que se fixa vagamente,
Assim como uma ficção presente
É capaz de alimentar o passado
E chegar até ele
Como iluminação do que ocorreu
Ou ocorreria.
Porém nossa memória é parte nossa
E parte de todos;
Toda memória é nosso coração
E ao mesmo tempo coleção:
É coletiva.
Memória também é desmemória,
É omissão,
E nossa memória é em nossa concepção
Diversa de uma narração
Que não a nossa.
Quem narra nossa memória
Acrescenta, exclui,
E cria outra ficção
Que refigura a nossa.
Nossa memória é outra
Quando é do outro a interpretação.
Por isto também é coletiva:
Porque é volátil o que ela contém
E porque todo homem
Conta com a imaginação.
Nenhum tempo é perdido:
O passado é uma hemorragia do presente,
Do presente nômade
Que se eterniza se recriando
A cada sempre nova mesma aparição.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
É
como cair em um abismo
Esquecendo
todo o suporte das asas,
É
como aparecer em uma sextape
Roubada
de um estoque privado,
É
como crer em um deus
E
descobrir que ele é o acúmulo do nada,
É
como escrever um poema sério
E
o acusarem de poema piada,
É
como se recuperar
E
ainda se sentir acabado,
É
como acabar com a vida
Ainda
em vida, antes dela ter terminado,
É
como sentir amor
E
sentir que ele é criação, como a arte,
É
como sentir que o fim do mundo
Sempre
esteve aqui e agora
E
em toda parte,
É
como confiar
E
a confiança alheia ser parte de um jogo,
É
como ter água à vontade
Quando
o que se pede é fogo,
É
como querer ser clássico
E
um idoso te chamar de novo de novo.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
MANIFESTO
Logo
partirei para uma manifestação
Já
com a perigosa sensação de rotina.
Termino
o PF pensando na PM:
Que
grau de vandalismo terei de suportar?
Prefiro
não usar máscara
Nem
ser anônimo.
Parto
para a manifestação
Já
com a perigosa sensação de espetáculo.
Quais
as pautas?
Alguns
fazem do despautério a pauta,
Outros
fazem pautas das calçadas
E
da rua o caminho,
Antes
de qualquer definição.
O
povo grita a nação
E
se esquece de gritar povo,
Assim
como se esquece
De
que há povos entre o povo.
A
sociedade é um polvo.
A
performance absorve a manifestação,
Performance
para book e Facebook,
Mas
artística também.
Ou
então o espetáculo das ruas
Transformou
a rua no palco
Onde
arte, protesto, cotidiano
E
comunicação tenham atingido
Um
patamar de identificação
Ainda
não mensurado?
Há
muito pacifismo de um lado,
Muita
violência de outro.
Às
vezes não se define o lado,
Mas
um dos lados sempre está mais correto,
Enquanto
o outro é o Estado
Promovendo
estados de sítio
E
de exceção.
A
volatilidade do espetáculo do povo
Às
vezes adquire peso, solidez.
O
público às vezes não sabe
Como
reagir perante um espetáculo,
Não
sabe como agir,
Não
sabe o que fazer
Com
a memória dele,
Com
seu impacto.
O
público procura criar
Uma
resposta espetacular
Para
compensar a reação.
Se
a crítica não for construtiva,
Ou
melhor, se a crítica não for construção,
Muito
artista se revolta ainda mais.
Para
alguns deles, até, a rua é o lar.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
A
companhia de árvores
Exibe
seu corpo cadavérico:
Bailarinas
dançando em jejum,
Enquanto
uma exibe o gesto
De
acalentar nos braços
Um
filho invisível
De
que ela se arrependeu
De
abortar por conta própria.
Mas
também dança,
Confundindo
a culpa e o sofrimento
Com
um artístico fetiche fetal.
A
natureza sempre tem novas gestações
E
configura de outro modo
O
que para nós é fatal.
Porém
esta árvore bailarina
Sente
o que nenhuma sente,
Se
comunica mais que as outras
E
às vezes sorri
Um
sorriso largo e deprimente
Que
me atemoriza.
As
sombras fazem-nas dançar mais.
Ela
quase não tem cabelos,
Sua
dentição é horrível.
Seu
balé suave pesa como martelo.
CU CULT
A
bunda da funkeira,
Ao
rebolar e se abaixar,
Me
fez reconhecer,
Por
um momento,
A
ontologia absoluta
Ao
modo de Bachelard.
SEM TÍTULO (O DIA NASCE ORIENTAL,)
O
dia nasce oriental,
De
olho rasgado mas azulado.
Minha
mente vaga
Até
o oriente do oriente do oriente
Do
oriente do oriente do oriente
Até
tudo se tornar o oriente,
E
me levanto, após, ocidental.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
PAISAGEM
Uma
comichão de colmilho sobe no hálito
Com
uma atenção leopardina no olhar
Que
fareja no chão alguma presa que, por ser presa
Do
próprio odor labiado de tomilho,
Ilude
pela tatuagem arbustiva que o alimento
Vivo
é antes uma paisagem móvel,
Uma
ilusão de paisagem aromática
Como
um simulacro do amor carnívoro,
Do
amor carnal que agora se levanta
Completamente
e caminha com gestos licorados
Como
cominho que quer enaltecer
No
corpo sua origem egípcia,
Mas
com um esgar de jaguar
Que
vê no exotismo
Uma
espécie especial de erotismo.
domingo, 13 de outubro de 2013
JARDINEIRO
Um
coral de crianças
Resguarda
uma parte do jardim
Que
não posso desbravar.
Ouço
suas vozes rosadas.
Ao
me aproximar da parte proibida
O
coral grunhe em pig squeal.
Do
alto, plantas tentam pingar
Orvalho
na boca de quem passa.
Um
odor de carvalho se alastra
E
pernoita na noite das narinas.
Na
noite dos ouvidos,
Um
labirinto de sons cromatiza
Em
conjunto com o coral corado.
A
coloração musical do coral e dos bichos
Cria
uma cobra coral nos ouvidos,
Delicadamente
venenosa:
Todo
jardim procria um tanto de mal.
Um
ouvido envenenado ouve demais
E
de menos.
Não
posso tentar matar as crianças.
Há
uma parte moral em mim
Que
ainda não permite.
Nunca
vi nenhuma,
Mas
o odor afasta.
Acho
que morreram faz tempo,
Na
realidade.
Sou
este jardineiro
De
um jardim rebelde
E
que não se permite inteiro.
Sou
desde quando o desconheço.
ANTICRISTO
Um
bordão blasfemo:
Masturbação
feminina com crucifixo.
Um
clitóris com uma coroa de espinhos,
Flagelado,
perfurado,
Encharcado
de urina
Ao
desejar algum alívio.
Uma
oração a este clitóris crucificado,
Querendo
encontrar Cristo
Através
da blasfêmia,
Querendo
ser Cristo
Debaixo
de um vestido de freira.
Uma
oração ao altar
Deste
clitóris em sangue
Que
Lars teria decepado com uma tesoura.
Uma
prece em cuspe
A
este clitóris que o ouro do Vaticano doura.
Uma
reza lambida e babada
A
esta vagina devoradora
Que
quer ser Cristo
Mas
o esmaga como se o quisesse matar.
A
extrema-unção a esta vagina
Onde
Satã e Jesus
Se
abraçam e se beijam
Como
em um incesto entre irmãos.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
A FLOR NA PELE
Um
pesadelo de trepadeira-jade
Puxa
minha perna à meia sombra esgueirada.
Meu
desespero é que plantas
Se
esgueiram quase imperceptíveis.
Alguns
jardins me são paisagens de medo.
Que
espécie de florista amaldiçoou meu sono
E
minha vida na flor da idade?
Meu
sono azulado que se confunde
Com
o pesadelo trifoliado
De
uma beleza terrivelmente perolada,
Com
o pesadelo requintado de esmeralda?
Beija-flores
são atraídos para este pesadelo
De
condição pergolada.
Quando
o pesadelo desperta no espelho
Sente
sujeira até nos cabelos:
Caramanchão
de cara manchada
Lavada
em água marinha.
Uma
polifonia ameaça meus ouvidos
Com
asas de morcego
Incentivando
a polinização.
Como
polinizar nos sonhos?
As
vozes querem me dar esta função,
Querem
me dar asas.
Eu
cedo, cedo para fugir
Ou
para dar sentido a tudo isto.
Cedo
para invadir outros sonhos,
Me
comunicar com raízes
E
flores à flor da pele
Dos
homens cobertos com a areia do sono.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
DE PASSAGEM
A
música vagabunda
Vaga
nos pelos do gato
Que
se eriça
A
ponto dele e dela
Brigarem
como gato e rato
Até ela
Rapidamente
enfatizar
Sua
vaga
Em
outro lugar.
Uma
peruca de opilião
Em
uma cabeça noturna
(A
cabeça beirando a parede
E
a loucura)
Se
move um pouco enquanto ouve
Uma
opinião sobre as celulites da lua,
Faz
tanatose quando a cabeça
Vibra
com a tosse,
Depois
usa o que tem no prossoma
No
meio da prosa.
Há
muitas varizes nesta noite
Mais
feminina do que nunca,
Noite
com pernas misteriosamente reveladas,
Com
seios de bicos levemente intumescidos.
Os
opiliões se passam por aranhas
Só
porque são aracnídeos,
Enganam,
iludem como a noite.
Fico
assim imaginando um artrópode
Com
artrose
Ou
algo como uma aracnidíase
Como
em uma HQ
Para
passar o tempo
E
pensar menos nas celulites lunares...
Gostaria
de beijar e lamber
As
varizes noturnas.
O
fantasma de um membro perdido
Passa
por mim
Como
uma membrana quase invisível
E
sem visco.
Surge
sem aviso
E
verifico se todos os meus membros
Se
encontram no lugar
Para
continuar a caminhada noturna.
A
aurora se espreme
Tentando
espreguiçar
E
abre um dos olhos, ainda vesgo.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
NOTÍFAGO
A
lua é o desejo
Da
minha garganta
Licantropa
que gargantua
Tudo
que alcance possua,
E
atua como fera,
Vocifera,
uiva.
Seu
escuro uiva
De
falta de luz de lua,
De
solidão de brilho de estrela,
Pois
minha garganta
Quer
ser o céu,
Quer
devorar o céu
E
o aprisionar.
Minha
garganta astral,
Minha
garganta cósmica
(E
cômica e que come)
Já
performatiza seu ódio
Que
busca a beleza,
Seu
ódio esteta
Devorando
a sensaboria
Que
uma noite simples pode bocejar.
Toda
noite deve ser especial
Para
minha garganta.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Um
sonho de uma noite de verão
Colidiu,
na transição,
Com
um sonho de uma noite de outono.
Muito
vento tremeu o corpo,
Ainda
que coberto de folhas caídas.
Camadas
de ar se chocaram depois.
O
sonho teve choque térmico,
Teve
pneumonia e melhorou.
As
narrativas oníricas se confundiram,
Algumas
imagens perderam função contextual,
Outras
adquiriram substância mais densa,
Elaboraram
um sonho no interior do sonho,
Criaram
uma narrativa experimental
Que
o corpo experimentou
Como
um abismo em si mesmo.
Quando
o corpo despertou,
Havia
nele mais sonho
Do
que quando dormia.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
SISMÓLOGO
Percebo
uma arqueologia do toque.
As
camadas do toque.
Há
poliamor neste afago, escondido, vago.
Há
encenação em seus gestos,
Todo
um teatro poliândrico é posto em cena
Mesmo
nos monólogos.
Você
é um mise en abîme.
O
que havia de poligamia
Já
foi bebido no café de manhã
Com
a sujeira amanhecida de seus dedos.
O
café estava fraco.
Sinto
seu beijo cafeinado, crosta
Em
que procuro o manto,
O
enigma do magma, seu espanto,
E
cismo com sua sismologia;
Procuro
o seu núcleo, logo sismo.
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