quinta-feira, 3 de outubro de 2013

BATAILIANA

Uma mínima batalha de reflexos
No piercing do nariz
Parecia querer refletir, por sua vez,
Os reflexos dos cabelos:
Luzes californianas
Queimando no forno da temperatura do dia. 
A sombra de um jardim
Deu trégua à batalha.
Na sombra sua presença mais discreta
Abre uma obra de Bataille.
Desiste da leitura
Para poder perceber
Sua experiência interior
Com seu encanto de filósofa ingênua.
Fico pensando, de modo brincalhão,
O quanto a literatura e o mal
Se apossaram da minha vida.
Como se ela tivesse lido o que eu pensava,
E percebendo meu desejo,
Se aproximou e citou:
Quanto maior é a beleza, mais profunda é a sujeira.
Fez um trejeito facial
Entre o cult, o kitsch e o sensual.
Talvez fora um fora antes do tempo
Ou então quis fazer pose de mal.
Foi embora com nova batalha no nariz
E com as luzes dos cabelos compridos
Bolinando, sem ela perceber,
A capa do livro.    

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