terça-feira, 1 de outubro de 2013

MARINHA SOLAR

Há um mar amarelo alaranjado
Navegando esbatido a partir da cabeça do sol.
Abaixo do sol, o pescoço cheio de veias rompidas
Sangra um outro mar vermelho.
O sangue inunda a terra, sem aberturas,
Sem passagens e salvação.
Uma atmosfera de extrema-unção agressiva
Carrega também uma sutileza pacífica.
Há então uma tentativa de um mar limpar o outro:
A potência do laranja sempre esteve alerta,
Esperando desta mistura a sua realidade plena.
Plana este desejo como uma pintura de lentos mares em fúria,
Tendo um calmo fim do mundo como pano de fundo.
A nascente e a foz tentam uma única voz
Que passaria passarinha na manhã.
Essa mistura precisa salvar o mundo,
Um pássaro precisa beber o sangue do sol
E filtrar suas impurezas,
Um pássaro precisa realizar uma transfusão
E cantar laranja como um limpo vômito amanhecido
Após a ressaca dos mares enfurecidos,
Uma golfada após o refluxo como o luxo
De um novo dia sem o senso comum de suposta novidade,
Esta ditadura, mas como devir, tentativa de diferença,
Esta liberdade, já antes, no interior da batalha dos mares.

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