quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Meu fluido desperta os mortos do desejo
Como miasmas perseguidores,
Atinge o órgão de granito
Das estátuas gregas, saliva em seus pés,
Corrói o que o tempo já corrói.
Odor, sabor, textura:
Meu fluido (se) altera tudo
No percurso...
Seu alvo é o mundo.
Sua corrosão fecunda,
Presentifica, progride,
Delineia, torna instantâneo.
É um espirro em espiral, uma vertigem,
Redemoinho, maremoto,
Hidra líquida que solidifica,
Origem em estado de amnésia,
Mistério totalizante,
Desmemoriado, que origina
Tudo desde sua origem
Monocausal que perde a causa.
A causa que desliza como cauda...
Lúdica criação
Em sombras lúcidas
Como (auto)bullying de fantasmas
Que doa sentido aos fenômenos.
Estátuas gregas, automóveis,
Humanos em diálogo,
Animais em instinto,
O que eu falo, o que eu sinto:
A tísica da metafísica,
A origem (em crise) que esparge a própria meta
Na mente humana
E em qualquer engrenagem.
O fluido corrói, fecunda, vivifica
E ao mesmo tempo mata
Para procurar a origem mais profunda.
Tudo é sagrado quando há a busca,
Pois tudo é sagrado quando o homem (se) funda.