Me
deparo com Jesus caminhando ao meu lado.
Orquídeas
crescem em seu corpo,
Acentuadamente
perfumadas.
Jesus
é um orquidário
Acompanhando
meus passos
Ora
guiados pelo prazer lúdico da blasfêmia.
Ele
me conhece, sabe que sou Judas
(Um
Judas mais sincero, enfim).
Porém
também se soube
Que
Judas foi de Jesus o maior aliado.
Jesus
é um orquidário caminhante,
E
seus cabelos madeixam
A
impressão do infinito.
Há
beleza em muita coisa:
Jesus
caminhando coberto de orquídeas,
Esperma
escorrendo da boca de uma mulher,
Um
reflexo fazendo de uma unha
O
espelho do mundo.
Jesus
é mesmo medicinal:
Às
vezes parece Buscopan na veia
Aliviando
a cólica renal.
Outras
vezes parece arnica
Aliviando
a dor no pescoço.
E
ainda outras vezes parece espinheira santa
Aliviando
a gastrite.
Toda
conversão deveria ser
Esta
conversão também do cotidiano.
Nem
só de desejo cósmico vive o homem.
Quando
Jesus fala, exala uma orquídea sonora.
Seus
olhos de analgésico e de sono carinhoso
Te
envolvem em um sentimento ingênuo
Que
convive com a inteligência.
Jesus
me confessa que os dedos
De
Baudelaire quase tocaram o rosto de seu Pai,
E
que ele é um espírito de luz.
Também
confessa que Sade
Foi
um homem interessante.
Um
pouco exagerado, mas interessante;
E
que ainda está sendo tratado
De
algumas obsessões
Que
não lhe faziam bem.
Perguntei
se no Céu só havia franceses
E
ele me respondeu que era óbvio que não.
Por
fim, me revela alguns segredos da vida
Meio
desinteressantes,
E
me diz que o mistério interessa mais.
Sempre
que penso em paz e alívio,
Penso
em orquídeas.