sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

SEM TÍTULO

A João Cabral de Melo Neto

Bailarina lapidada,
Pedra que atrai a cinza
- Turmalina que cinge
O gesto coroado...
Leve e acerado.

SEM TÍTULO

I

Seu olhar acionou
Em seu corpo
Uma espécie velada
De cicatriz
Desejada na experiência
Do limite do gesto
De um acionismo vienense.
Seu gesto desvanguarda,
E assim ocasionou
De ressaca ao olhar
Um ocaso ao modo decadente,
Estimulando o antigo hasard
No azar do lance de dados,
Que se atualiza
A cada vez em que são lançados
E promovem novas ações,
Ocasiões, gestos no corpo,
Na escritura, em tudo
Que performa, em tudo
Que decai e se revigora.

II

Ela é uma colagem
De Duchamp
Com Champs-Elysées,
E manda Mallarmé
Tomar no coup de dés.

III

Ela
Ici,
Là-bas,
Aqui,
Ali.
E não
Está nem
Aí.