quinta-feira, 15 de outubro de 2020

NA NET (DE DIA)

De dia,

Cancela o machista,

O predador.

Esquerdomacho? Jamais.

De noite,

Espanca a ex-companheira.

É de deixar louco

Quem não o quer mais.

 

De dia,

Reivindica os direitos putrans.

De noite,

Transmite o vírus

Da indiferença

Após não pagar

A hora de amor.

 

De dia,

É branco sem orgulho,

Da negritude defensor.

De noite,

A própria cor da noite

Lhe causa temor.

 

De dia,

Exalta o revolucionário

Corpo dos pobres

- KorpoBraz! -

De noite,

Pisoteia o mendigo

(Sem querer!)

E não olha para trás.

 

De dia,

Cancela o machista,

O predador.

De noite,

Com arroxeada noite no olho,

Tem de passar pano

Para o próprio agressor.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

SEM TÍTULO (UMA POLÉCULA DE ARANHAS,)

Uma polécula de aranhas,

Uma criança, um serial killer

Tentam adentrar o poema,

Criar interconexões.

Ao menos, adentrar com vigor

O cerne do poema.

Basta uma película de gesto,

De voz, de sombra

Para que se desassombrem,

Aprendam, enredem e matem.

O poema é uma teia, um jogo,

E um enigma de thriller.

NEVERMORE

Comunitas de anônimos,

Como um rizoma,

Uma família infinita, universal,

Desocupada de sua propriedade privada,

Despossuída de seu reduto sagrado,

Algoritmizada pelas ditaduras democráticas ideais.

Harém de unicórnios desierarquizado,

Multidão dividida em classes, horizontal,

Selvagens, nômades, líquidos

(Em busca do amor sólido),

Desidentidades identificadas

Com a pós-verdade de seus carnavais.

Tokenização, tolkienização,

Elfas fazendo suspensão,

Feiticeiros virtuais,

Que passam na timeline

Para nunca mais.