terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

INFÂNCIA DE NIETZSCHE

Deus já morreu.
Agora quem manda
Em mim sou eu.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

SEM TÍTULO (PARECI UMA CIGARRA SOLITÁRIA, SÓ CASCA.)

Pareci uma cigarra solitária, só casca.
Um cigarro abandonado,
Uma folha caída, perdida,
Um perfume se entorpecendo,
Folhas (outras) amarelecendo:
Pude sentir o hálito da vagina de Deus,
No escuro, como uma luz quente
Inarticulando um caminho hediondo
Para que se soubesse
Que seu saber era indevassável.
Impossível o sal daquele odor,
Recuperável como o momento exato
Em que a lua crivou o escaravelho
Que um dia assumiria o coração faraônico;
Como a partitura da música sidérea
Que preenche o segredo
Do espaço antes de um dedo
Tocar, displicentemente, o outro.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

ESTRIAS

O estriado do céu,
Do corpo feminino.
Um espasmo espalma,
Vertigina o celestino
Corpo, esparso
Até o infinito,
Em clima de Klimt.
As nuvens se reúnem,
Alegres dançam
Lacancan, após se cansam
De ser o Feminino
Que não existe;
Se refazem
(Não nascem, tornam-se):
Se abre o horizonte
Do Outro do Outro.
Outros animais devêm:
Lobas decuplicam
Sua matilha,
Se solidarizam.
(Lobos também avançam
Nas estrias do céu.
Alguns se escondem
No gozo pleno
De celulites).
A mãe dizia
Que nas nuvens
Se veem animais.
A mãe, triste
Como a flor bela
Que era Soror Saudade,
Não pôde ver, só,
Esta sororidade.