domingo, 13 de outubro de 2013

JARDINEIRO

Um coral de crianças
Resguarda uma parte do jardim
Que não posso desbravar.
Ouço suas vozes rosadas.
Ao me aproximar da parte proibida
O coral grunhe em pig squeal.
Do alto, plantas tentam pingar
Orvalho na boca de quem passa.
Um odor de carvalho se alastra
E pernoita na noite das narinas.
Na noite dos ouvidos,
Um labirinto de sons cromatiza
Em conjunto com o coral corado.
A coloração musical do coral e dos bichos
Cria uma cobra coral nos ouvidos,
Delicadamente venenosa:
Todo jardim procria um tanto de mal.
Um ouvido envenenado ouve demais
E de menos.
Não posso tentar matar as crianças.
Há uma parte moral em mim
Que ainda não permite.
Nunca vi nenhuma,
Mas o odor afasta.
Acho que morreram faz tempo,
Na realidade.
Sou este jardineiro
De um jardim rebelde
E que não se permite inteiro.
Sou desde quando o desconheço.

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