segunda-feira, 19 de junho de 2017

SEM TÍTULO (O BODE DIVINO)

O bode divino
Em estado de dor e aleluia
Estertora, convulso,
Ora na confusão
De procurar no corpo
Todos os seus pênis
E vaginas.
Seus ouvidos afeitos
Aos salmos, aos cantos
E às recitações aforísticas
Já não distinguem
Entre o que entoa
A vagina da testa
E os seis ânus
Do abdômen.
Excitado com a confusão,
Com a dor e com a luz,
Os pênis da cabeça
Imitam a coroa de espinhos.
O bode divino
Bale o bafio da besta
Com saudades
Do corpo de Deus.

Nenhum comentário: