sábado, 7 de junho de 2014

SEM TÍTULO (PODERIA FALAR DO PADRE)

Poderia falar do padre
Que desejava comer a própria tênia,
Ou da criança
Que se envolveu com magia negra,
Do pai que se envolveu
Com as duas filhas gêmeas,
Da mãe que colecionava fetos,
Da avó que se prejudicou
De tanto que amava os netos,
Da celebridade de vida
Prazerosa e triste,
Do artista doente
Que sonhou em ser Deus,
Do pássaro na gaiola
Que preferia a liberdade
Ao alpiste,
Da performance sangrenta
E subterraneamente lírica
De bailarinas moribundas,
Do céu azul claro
Que sempre se confundia
Com o ponto de vista
Visto por uma criança de colo,
Da flor solitária
E resistente no deserto gasto do asfalto,
Da muda de bonsai
Cultivada por um orientalista
Budista cultivado,
Do socialista desiludido
Após adquirir poder no Estado,
Da mutilação corporal
Perpetrada pela arte contemporânea,
Da população revoltada
Entre a luz e a sombra do caminho,
Do poema tentando ser escrito, 

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