terça-feira, 17 de junho de 2014

PERDIÇÃO

Um sonho fica apodrecendo
Na dobra do cobertor.
Apodrece, e tem já odor
De manhã calcinada.
As dobras do corpo
Não levaram nenhum sonho
Ou seu resquício,
As dobras do corpo
De tecido demasiado salgado.
Corpo fechado
Para balanço do sonho,
Muito encontrado
Com si mesmo,
Nenhum solstício de inverno
Sendo chocado
Atrás da orelha,
Nenhuma misteriosa
Explosão de luz irada
No nervo da íris,
Nenhum dente de marfim
Ou leque de cílios.
Neste corpo tudo condiz,
Sem sonho que o salve. 

Nenhum comentário: