terça-feira, 6 de maio de 2014

SEM TÍTULO (A POETA DEITA COM UM FOGO ROXO NOS OLHOS.)

A poeta deita com um fogo roxo nos olhos.
Hieróglifos acompanham o desenho dos seios.
Há marcas e luzes incompreensíveis no corpo,
Mapas rasgados enroscados nos cabelos,
Paisagens desérticas, dunas longínquas.
Bocas querem aprender a ler, a decifrar.
Ela boceja e uma massagem uterina
Incendeia o rosto das aprendizes.
Ela é um desenho azul marinho
Aberto ao labirinto da noite.
Há estrelas dentro de nós, somos estrelas
Quando falam a ciência e a poeta.
Há marcas de unhas e lábios
No óleo noturno decorado em sépia:
Técnicas da noite e da poeta.
Há uma margem de erro na decoração
E os erros são reapropriados
Pelo corpo dúbio e polissígnico da poeta.
Ela é de carne e osso.
Carne, osso, sonho, fogo, luz, deserto, folha...
A poeta intensifica o labirinto do corpo
E as técnicas da noite,
Que nela sobrancelha uma nudez carinhosa
Até que adormeçam em paz.

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