terça-feira, 24 de setembro de 2013

SÉRIE

I

Janto ouvindo
Um apresentador sensacionalista
Expondo o tiro
Que um policial à paisana
Desferiu em um mercado
(O assaltante era o negro
Porque o branco não conseguiram mostrar).
Quando ponho
O feijão com tranqueira na boca,
Ele expõe como uma menor
Foi sequestrada e torturada
Por um casal.
Havia urina canina no esquema de tortura...
Bebo o suco de laranja.

II

Saio.
Como a sobremesa
Vendo do vidro um mendigo
Tentando vender algo sujo
E sem sentido útil.
Ele não quer comida,
Quer bebida.
Este desejo não justifica
Nem justificou
O fato de ele ainda estar ali...
A sobremesa é boa.

III

Converso com uma amiga
Que encontrei na rua:
“Parei com o pó,
Só erva agora.
Nossa, rolou meio
Que uma suruba
Naquela balada lá!
Saí com homem e mulher.
Não estou nem aí.
Digam o que quiserem.
Por que você não foi?
Estou de mal.
Ah, gostei do seu último poema,
Mas ainda não li inteiro”.
Respondo que não pude ir
E agradeço.
Sorrio.
Sim, digam o que quiserem.
Chega também um amigo crente,
Conversamos mais um pouco
E nos despedimos.

IV

Vejo a Veja na banca de jornal.
Vejo alguma notícia global.
Meu corpo recorda
A abstinência de pornografia.
Qual o meu vício?

V

Tenho insônia, mas adormeço.


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