quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Com o sabor lúdico
De um Platão pós-moderno,
Absorvo sua alma com o sorvo de um beijo
E a assopro na base do narguilé
Para fumá-la
E então lha devolver
Revivendo seus olhos
Agora com azo mais asiático,
Intoxicados com a própria alma.
Sempre busco sua beleza.
Há beleza em seu corpo,
Em seu discurso de rocambole
(Barroco e doce),
Em seu odor e hálito polígamo
Da glote poliglota,
Nos seus jogos animais e estudados
De um primata polímata.
Mas quero a beleza que estranha o mundo,
Que extravie o travo das travas
Em tragos de trevas,
O susto, primordial e contemporâneo,
O susto absoluto,
Que surpreende o susto
Em sua banalidade arrependida.
Quero ver, de início, seu corpo no escuro
Dialogando com as sombras
Apenas com a imperceptível umidade
De um olhar estranhamente emocionado;
Depois as mutações, o corpo fragmentado,
Os jogos de luz e sombra
Que sua alma amentolada for praticando
Com seu corpo assombrado,
Os olhos gueixos travando solitários
Já na imensa noite
Batalhas de espadas alucinadas
De samuraios expectorados
Dos bruscos contatos;
E então fazer com os gestos compreender
Que a androginia é um mito muito belo,
Mas que o futuro
É esta noite assombrada,
Esta imensa noite de sombra e luz
Onde os focos se alteram a cada passo. 

Nenhum comentário: