sexta-feira, 6 de setembro de 2013

IDÓLATRA

Minha idolatria
Faz os pés das mulheres percorrerem as águas
Abençoando e curando como Cristo.
Alguma transformação
Também ocorre em seus seios.
Minha idolatria
Busca a naturalidade de si
E das mulheres.
Mas nenhuma idolatria é natural
E disto ela se alimenta.
As mulheres manipulam a matéria
Mas ainda não sabem disto.
Minha idolatria
Talvez queira fazê-las saber.
Anjos de olhos chamuscados
Flanando como sombras nas ruas
Me permitem imaginar
Que o mistério
Ainda vale a pena ser sentido
E sacralizado de sentido.
Insisto na idolatria do mistério e das mulheres,
E na idolatria de suas relações.
Não há pedestal nesta idolatria
Porque o mistério não tem templo.
Sinto nas mulheres a água e o fogo
Confabulando reações inesperadas.
A boca das mulheres é a vertigem,
A abertura do horizonte
De muitas explicações procuradas,
Mas através do mistério.
As mulheres são seres de bocas profundas,
Mais profundas que elas mesmas.
Há muita profundidade nas mulheres,
E quando percebem isto,
Enlouquecem ou salvam a existência de todos.
Todos os dias mulheres enlouquecem
E salvam nossa existência.

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