segunda-feira, 8 de julho de 2013

SEM TÍTULO (NESTE EXATO MOMENTO)

Neste exato momento
Algum casal apaixonado
(Ou não apaixonado)
Está transando,
Alguém está sendo assassinado
Neste ou naquele beco,
Ou em beco algum
Mas em qualquer outro lugar
Pois todos os lugares
São de matar e morrer.
Um casal transando
E alguém sendo assassinado.
Talvez o prazer do casal
Se confunda com o do assassino,
E a dor da vítima
Se confunda com a de outro alguém
Que neste exato momento
Está sendo violentado
(Talvez uma criança,
Uma criança abusada
Por algum ente familiar
Dentro da própria casa),
Ou com a dor de uma criança
Esmolando no farol.
Talvez o prazer do abusador
Se confunda com o prazer do casal
E do assassino,
Pois o prazer (também a dor)
Não distingue contexto.
O presente é o reconhecimento da vida;
Por isto estou, neste exato momento,
Tentando ser o mais exato possível
No objetivo de absorver tudo isto.
Não estou bem,
Estou profundamente perturbado.
Estou escrevendo este poema
E não posso fazer mais nada agora,
E talvez nem depois,
Nem em termos da satisfação do prazer
Nem em termos do apaziguamento
Da dor.
Estou profundamente perturbado.
O presente não tem fim
Quando a vida se reconhece. 

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