sábado, 13 de julho de 2013

POEMA MATERNAL

O filho em um surto de vidência
Prevê o câncer de mama da mãe,
Pára de mamar e morde o seio com violência
Até que a mãe, ao se ver sangrar,
Pressiona com a mão a cabeça do filho malsão,
Do filho maldito que ela prevê
Poeta ao algo pior do tipo
E o faz estatelar no chão
Aéreo de estrelas que a janela permite.
A criança, deprimida, insiste na mordida
E ataca, pelo odor e por amor, o local de onde saiu.
Retornar ao ventre: o sonho,
A utopia de toda criança.
Toda criança é amante das vísceras,
É visceral e devoradora
Como o local de onde saiu.
A mãe, arrependida, incentiva esta mutilação;
Incentiva, enfim, a mutilação do retorno,
Quando a mutilação ainda não havia...
Há uma criança em cada espelho do dia.

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