quarta-feira, 3 de julho de 2013

SEM TÍTULO (MEU CORPO FORA DO SONHO,)

Meu corpo fora do sonho,
Mas repleto de sono,
Percebeu pelo esgar da palpitação sanguínea
Que ela o sonhava na massagem estática
Das fibras de seu próprio sono,
Das fibras semiconscientes
Que fizeram coligir uma sonoplastia
Que harmonizava o sono ao sonho
E um sonho ao outro,
Sem mais compreender em detalhes
De quem era um sonho e de quem o outro
Até que a distância dos corpos sônicos
Fora do sonho,
Mas talvez sonhados pelo sono,
Sugeriu timidamente
Uma forma especial de reconhecimento,
Pelo espaço em branco,
Mas recheado de todas as coisas do mundo
(Sonhadas e não sonhadas),
Entre um e outro corpo,
Talvez agora ainda mais sonhados
Pelo sono e pela vaga sonoplastia,
A sonoplastia dos pelos
Eriçados pelo frio,
Do desejo barroquizando veias e órgãos,
Desejo vago pelos espaços vagos do mundo,
Pela vaguidez das próprias coisas
Que logo serão engolidas
Pela sintética garganta de Big-Bang
Do galo e seu rouco rococoricó.
Meu corpo sonhado pelo sonho alheio,
Pelo meu e pelo outro sono,
Pela sonoplastia que plugou
Através do labirinto da distância
A sonhadora acordada em sonho
Que, pelo sono, me sonhava
Do meu lado, não será mais o mesmo.
Nenhum corpo é o mesmo
Após sonhar.   

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