terça-feira, 1 de janeiro de 2013


Reiterar expressões
Obsessivamente
Criará, porventura,
A aventura
Do mito pessoal,
Mas não atingirá,
Em si,
Mais e melhor
A realidade.
Todavia ativará
Melhor a via do desejo.
Do desejo e do asco,
Outra espécie de desejo.
Diz Sartre
Que em determinado
Momento o escritor
Tem de pegar em armas,
Sair do papel.
Digo, refigurar o desejo
E sair do papel.
O papel do escritor
É sempre de engajamento.
Todo escritor é engagé.
Se engaja
Em determinado desejo,
Pessoal ou coletivo.
Promover o Socialismo,
Seduzir a filha do vizinho.
Ou ambos.
Nenhum papel,
Em si,
É engajado.
Engajamento
É escrever
E ser de partido socialista,
Escrever
E transar
Com a filha do vizinho.
Ou ambos.
Ou então promover a falta...
A falta da política,
Da sedução, do sexo.
E a eterna falta
Da linguagem para com a realidade,
O jogo esquizofrênico
Entre uma e outra,
A brecha vazia da falta,
Da falta impreenchível,
Que mesmo nenhum leitor preenche
Mais a não ser como o sentido da falta,
Da falta não polissêmica,
Mesmo sem sêmen
E que zombe de qualquer
Estética da leitura,
De qualquer hermenêutica
Ou perscrutação retórica.
A falta...
A falta é
Em si.  

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