terça-feira, 1 de janeiro de 2013


Há uma espécie de magia negra
Rebolando as bilabiais
De sua fala molhada
Com a aguardente
Que se mistura com o sangue quente
Do galo, da presa imolada.
Galo negro como sua pele,
Negro como a pele de seus olhos
Quentes, que são quentes
Como a pele quente como o sangue
E a sensação da aguardente.
As linguodentais de sua fala quente
- Hálito de serpente -
 Ritualizam mais mordente
A pele de seus olhos pela
Pele de sua pele
Que já é a pele da noite
Não fosse a aura quente
Da aguardente misturada ao sangue
- Silhueta de listas vermelhas dançando
Molhadas, chapiscam
A noite como fagulhas
Da fala do desejo.
Listas dançantes,
Dissonâncias macabras
Ressoantes no silêncio
Violado pela fala.
A falha da noite,
O orvalho vermelho na folha,
A língua dos demônios
Promovendo terrorismos
Que, abalando a linguagem,
Abalam a vida e o mundo.
Ou na latência de abalar,
Abalam a certeza de que o silêncio
É tudo ou todo mudo, e de que nenhum
Orvalho é alcoólico
Ou de que todos são transparentes.
É o terror...
Não o da noite, mas o que abala
A própria noite a partir de sua
Própria urdidura.
O terror da fala sangrenta
De vida e que aguarda com dente
O dia para deixar a marca
De seu orvalho quente,
Que despenca enquanto o espectro
De um galo imolado
Clarina desejoso de,
Após a violação do silêncio da noite,
Aterrar a fala clara do dia.

Nenhum comentário: