quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O OBSERVADOR

Um pedófilo observa do banco
O tom branco da parte de cima dos pés
Das crianças brincando nas poças de água.
Ele se passa por pai,
Parente ou somente por mais um passeante.
Se passa por tudo, menos por pedófilo.
Mas observando aqueles pés
Talvez ele realmente não seja ali
Um pedófilo à paisana,
Nem um podófilo.
Talvez aqueles pés sejam ali
Somente elementos da paisagem interior
Que o chama e acende alguma chama
Da própria infância.
Uma infância feliz,
Sem violência doméstica ou sexual.
Uma infância saudosa,
Saborosa na memória.
Uma infância que ele quer
Que seja somente dele.
Ele, a única criança feliz.

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