quarta-feira, 15 de maio de 2013


Um cão com o focinho necrosado
Expõe uma mutilação genital
Como um angustiante troféu de sobrevivência.
Lambe a mutilação, cheira, esfrega.
Alguns jovens com camisetas de marca
Sonham esfolá-lo,
Mas a presença policial próxima encarcera o sonho.
O cão baba mais uma vitória.
Quem sabe um dia seja decapitado, mas não hoje.
É assim que segue, como dependentes químicos
Ou ninfômanos: um dia após o outro.
Os bernes também ficam mais felizes
Na perna manca sem pelo.
Antes sem pelo que sem pele,
E assim impele seus próximos passos.
Devora o lixo com voracidade
Porque a noite promete exigir fôlego.
O cão adentra um ambiente frondoso
No interior da praça.
Temo persegui-lo,
Pois há tempo temo (confesso) que algum animal
Me mire e diga: “Chaos reigns”. 

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