segunda-feira, 13 de maio de 2013

CHILDREN OF THE CORN


É tempo de colheita.
Colher o que de qual empreita?
Colher o fruto, colher o dia?
Nenhum Horácio flui como seiva
Nesta flor do Lácio.
E Orfeu? Órfão de Eurídice
Permanece cantando algo
No momento em que eu nada disse?
E se Orfeu for este órfão
Pedindo esmola amolando
Sua voz aguda no canto da calçada?
Esta questão é de minha alçada?
Nenhuma voz alcançada cede à lira
Uma esmola de verso
A não ser este e talvez não seja isto pouco,
Ainda que se confunda com a buzina.
Que seja o que resta no resto
Enquanto repasto que contenha alguma pasta
Nutritiva caindo dos caminhões de lixo
Que atravessam as cidades do mundo.
Talvez aquele órfão lamba esta pasta.
E o que pode acontecer?
Ninguém sabe.
Ele pode viver, pode morrer.
Penso em poesia e em políticas públicas agora.
Há algo mais para se pensar?
(Qual o aspecto de Perséfone?).
Toda colheita é maldita.
Mas colher o quê?
Que poder terrível sobreviverá o milharal?   

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