sábado, 6 de setembro de 2014

POEMA SEM SONO

Por um momento a vi
Não como sombra
Ou como luz fatal.
A vi como mulher,
Uma mulher normal.
O erótico animal que logo sou
Não soube como se portar,
O que dizer.
O poema não houve
Ou quase não quis haver.
A mística dominatrix,
A musa bizarra
Acordou de seu sono.
Por um momento,
Satã deixou de existir,
Assim como Deus.
Mulher, terei de vê-la
A partir de agora
Sem mais nenhum artifício,
Estereótipo ou mistificação?
O poema é sono.
O poema não acorda.
E se acordasse, então?
E se já desperto,
A vendo como a mulher que logo é,
E assim compondo os versos
Sem mais ilusão?
E se o poema estivesse já
Dispersando a sombra
E fugindo à fatalidade da luz,
Fazendo com que você apareça
Como sempre foi:
Uma mulher, sem maiúscula,
Sem a fagulha da divindade
E sem a marca da perdição? 

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