domingo, 25 de agosto de 2013

PÂNICO E DEVOÇÃO

Assisto a uma panicat
Lambendo comida nos pés de uma anã.
Um corpo de elite lambendo
Um corpo marginalizado
Em nome de um único freak show.
Corpos marginalizados, corpos de elite...
Vejo a fotografia de uma mulher
Com consequências de poliomielite
E também de uma mulher amputada.
Alguns sempre imputam a denominação “puta”
Para qualquer corpo em exposição,
Mas e quando o corpo é deformação?
A anã se sente mal, mas a panicat se sente pior.
O corpo marginalizado humilha
O corpo de elite ao se humilhar.
Então o corpo da panicat deixa extravasar
Seu lado freak, se torna mutante,
Agencia na devoção forçada
Sua musculatura dúbia que oscila
Entre o feminino e o masculino
E seu asco se acentua pela rouquidão da voz.
A panicat e a anã
Fizeram seu ritual de devoção,
E o terrível devoteísmo que poderia
Advir das fotografias
É completamente subjugado.
Eu também, aqui, fiquei exposto.
Meu corpo é o mesmo após?  

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