quarta-feira, 17 de março de 2021

SEM TÍTULO (DISTANTES, FALAM CÃES.)

Distantes, falam cães.

Mais próximas, pessoas latem.

Nos latidos, ruídos de fala,

Projetos de articulação

Fazem coro com os que emito

Abrindo os olhos com o lento ritmo

Do sol nascendo, coral.

São diversificados os ritmos da vida.

Já disseram: inumeráveis.

O pentâmetro iâmbico dita

A mastigação, a natação?...

Quem o sente, sem sequer conhecer?

Principalmente sem sequer conhecer.

Os ingleses tentam, tentaram.

Troqueus, espondeus,

Cesuras alexandrinas.

Tais ritmos movimentam a vida,

Cadenciam a respiração,

Organizam-na junto ao universo

Em uma bela e metabólica ilusão.

Quais os ritmos das falas dos cães

E dos latidos dos homens?

E das mulheres?

Para quem as redondilhas maiores,

E as menores, e os heroicos e os sáficos?

Sobretudo inumeráveis são os ritmos.

Permaneço lento como o sol matutino,

Tentando despertar,

Mas quase livres, quase brancos.

 

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