domingo, 27 de março de 2016

SEM TÍTULO (UMA DOMINATRIX DE PERNAS MECÂNICAS)

Uma dominatrix de pernas mecânicas
Chicoteia uma pony girl
Para comer as fezes de uma musa
De freakshow com cicatrizes por todo o corpo.
Não há só uma Santíssima Trindade,
Pensa um voyeur sadiano
Que esboça – L’Unique – na mente
A própria morte, e em como será.
Apesar da inadiável referência cristã,
Quer uma morte com sabor clássico:
Baques secos do corpo mutilado por bacantes.
Euripediu opiniões, euripedeu outras.
Toda homenagem às Mênades leu,
Releu, interpretou e reinterpretou,
Todas as referências absorveu,
Até em Qorpo Santo, à luz
Do trágico em Nietzsche
Ou em mais alguma coisa que insiste
Em fazer o voyeur prorrogar
Sua morte e continuar assistindo à cena
Como um mecanismo autodestrutivo
Autorreprodutor, como um filme,
Ou simulacro, que não o deixe se matar,
Ser morto, nem nada sentir tão leve,
Nem nada tão forte, tão ácido;
A ponto do contemporâneo
Devorar tudo, até o clássico.  

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