segunda-feira, 6 de setembro de 2021

BLANCHE DU NOIR

A lolita gótica

Descortina a noite,

Encoberta e farmacopornográfica.

Abraça a arlequina,

Vão procurar novas drogas

Com o i-boy,

Ora um Humbert Humbert

Com vocabulário tecnomano,

Ora um clowcel

Que descobriu no tráfico

Um afrodisíaco.

A noite funambula suas camadas,

A superficial, noturna,

A outra, mais noturna, infinita,

A cosplayer, a alucinógena

E alucinada, enfurrycida.

Mais ao longe,

Na saída de um rock pub,

Um sorriso sinaliza

Batom negro, tatuagem facial

Ou mesmo uma gag aranha?

Do chão, a lua cabe na gag

Devoradora que é o sorriso

Que expandiu

Um sonoro sonho momentâneo.

Há algum homem morcego?

Em uma lanchonete

Gourmet artesanal

Uma menina com camiseta

Lésbica heteroflex

Lê no celular o título de um artigo

Sobre punk veganarquista.

Em um café meio sujo,

Uma personagem deslocada,

Como Blanche, lê Blanchot.

Lê o título de uma obra

De Blanchot.

A noite infinita.

O discurso infinito.

Qual o fim da noite

Para se descortinar

A noite sem fim?

A noite blanche

É a cortina entreaberta

Da noite noire,

Investigada até a noite

Mais aberta e mais insondável,

Até a expansão impossível

Da noite...

Noite blanche du noir.

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