sábado, 19 de junho de 2021

UM PAISAGISMO

 Uma paisagem sonora,

Como o fantasma da fantasia,

Toca no corpo, gemebundo, sutilmente.

A paisagem é corporal agora,

Um pouco à paisana.

Tento imaginar, sonoramente,

Um tapete persa, sofisticada persiana.

Mas, não, nada disso por enquanto.

Os dedos, o rococó tornozelo,

O silente zelo das pernas, da bunda

São a paisagem tensa

Da distensão, do frouxo relaxamento.

Os lábios mordiscam algumas notas

Que os cabelos ouvem polifonicamente,

E assim as compreendem.

O pós-caligulino hálito ressacado

Entontece as notas

Com a sonhada orgia

Regada à saliva no escuro

Da goela, próxima da úvula.

Também tento, sonoramente,

Imaginar uma nota de uva,

Assim como falar da vulva.

Mas tal região vive sua própria tensão,

Seu próprio concerto sociobiológico.

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