quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

SEM TÍTULO (A MENINA BEM NOVA)

A menina bem nova

Com coleira no pescoço

(Protótipo de uma paródia

Empoderada de uma submissa

A si mesma)

Poderia estar morta

Logo após a calçada

Se uma sirene não gritasse

Que o entregador de moto

Fosse atropelá-la.

Não é precarização da imagem,

Nem über-imagem

Da contemporaneidade uber.

A noite e a luz da moto

Podem gerar uma voluptuosidade

Futuro-barroca

Ou alguma flexibilização

Do nosso tempo, nunca só nosso?

É possível.

Uma imagem pode

Ser conduzida a sua história,

À história das imagens,

A sua sobrevivência.

Ou pode brilhar sua pregnância

No escuro da falha da cronologia.

Quanto à menina,

Sabe-se lá o que a espera

Em outra esquina.

Sirenes podem ajudar ou atrapalhar.

Viva ou morta,

Viverá sua vida.

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