quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A GANGUE

As menores afrontam a noite
Como uma gangue de prazer,
Postiço ou não.
Dançaram funk na sala de aula,
Sem roupa.
O professor gostou muito.
Transaram com ele no banheiro
(Ele guardou segredo,
Por enquanto).
Elas filmaram no celular
(Não podem deixar vazar).
Afrontam, depois, a noite
Como se a gangue
Fizesse uma rave particular.
Usam drogas sintéticas,
Se beijam na boca,
Uma perde o boné.
Mais tarde, outra perde
A direção da casa
E engravida de um policial
Que, no futuro, a matará
Por achar que foi traído.
Quanto a mais pobre no momento,
O odor da prostituição já a seduz,
Cada vez mais próximo.
Um cliente cortará sua jugular.
Das outras, só uma trabalha.
Ajuda a mãe na feira,
Mas mais falta que comparece.
A penúltima está tendo
Uma overdose agora.
Mas não morrerá.
Seu futuro lhe reserva
Muita miséria antes da morte.
A última, um pouco mais nova
(Onze anos),
Violada pelo pai
Com consentimento da mãe,
Será levada de casa
Por um parente.
Estudará, estudará, estudará
E será professora doutora.
Morrerá cedo,
De ataque cardíaco
Ou de saudades de sua gangue,
Ainda não se sabe ao certo.

Nenhum comentário: