terça-feira, 5 de junho de 2012

ODISSÉIA


Como os padres solícitos
De boca aberta aos leprosários,
Minhas papilas piedosas,
Que desconhecem lençóis freáticos,
Confundem nascente e foz
Onde sereias dependuradas
Se afogam a plena voz
Do canto da úvula.
Nem perante Cila se vacila:
Nem perante o bacilo
- Odisseu e os seus são um só eu,
Um bêbado polifemeu, não de uva,
Atrás de uma Penélope
Travestida por circense Circe
Com o encanto de um styx
De mão dupla
Mas que de palatina ânfora se destila.

sábado, 2 de junho de 2012

ESSENCIALISTA


Deus,
Ceda
Ao desejo
Que me deu
Ao eu ver
O corpo de seda
Que adeja,
O poder
De extrair
Da poesia
Que ao derredor
Volteja
A ignara,
Porém benfazeja,
Tara
(Peso de bandeja)
Da matéria
Rara
Da introspecção
De algum mistério
Que não vá
Para a vala.
Que eu, então,
Receba, Deus,
A extrema-unção.