terça-feira, 29 de maio de 2012

COREOGRAFIA


Só uma lua sorrindo com herpes
Ilumina a elefantíase das linhas
Da dança.
Uma flor de fogo encravada
Na boca.
Mas o fogo não ilumina
As mímicas elípticas,
As linhas abismadas
E os compassos subterrâneos
A não ser enquanto sorriso
Sutil, espécie de escuridão
Do avesso.
O fogo do herpes
É uma revelação arrependida
E intermitente.
Elefantíase mais discreta,
Vizinha do dente
Que, sujo, apresenta
Uma coreografia exemplar.
A lua é um sorriso só,
Aberto de par em par...
É o herpes que dança;
E tira para dançar.

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