Sua urina percorre meu sangue em jatos.
A textura de suas fezes convence minha pele,
Confabula com meu nariz e tenta aliciar minha boca.
Seu suor abre os olhos de todos os poros.
Todos os poros têm olhos para você,
Têm óleos escorrendo, e não são raros;
São óleos de cozinha, que cozinham onde escorrem.
Eu estou parado, e todas as coisas correm.
O amor é um perfume que perpassa
O espaço de vôo entre a mosca e o estrume.
É a magia branca do talco desflocado
Que sobe atenuado ao odor do ânus que assa.
A vida é líquida, e eu gosto de vários tipos de taça.
Sua urina tem sangue, e eu calculo
O sabor dos pratos que você come
E que te alimentam o cálculo...
(Nem toda chuva é de ouro... Há as de cristal).
Sua urina tem pedra, sem nunca o tom ético
De um chamado João Cabral de Melo Neto.
Estas lições são de rim, uretra e mesmo do canal: reto.
A vida é atriz
E Deus foi a única meretriz que não consegui pagar.
A vida é sólida mas diz
Que não há chance de uma pedra (molhada) filosofar.
Um comentário:
Carlos Eduardo, gostaria de parabenizá-lo. Este é um dos poemas mais belos que eu já li. Muitas coisas eu já senti e pensei são aclamadas gloriosamente neste poema. Parabéns, mais uma vez!
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