Alguma
coisa em você me enlouquece,
Move
o chão, desestabiliza.
Sua
língua é um doce cristalizado,
O
som de seu discurso uma barrouquidão
Que
aquece o hálito dos seios
Arqueados
em maliciosa circunspecção
Vigiada
pela arcada das sobrancelhas
E
suas sérias sombras sensuais,
Como
se o formato de S
Fosse
afrodisíaco como seu som,
E
o som do discurso na língua
Que
é um doce cristalizado de abacaxi.
Alguma
coisa em você me enlouquece,
Mas
esquece isto tudo
No
momento de enlouquecer.
As
pernas bailarinas russas,
Destoadas
em uma peça
Quase
sem plateia,
Movem
os cabelos luminosos, mudancistas
Como
uma artista promíscua de corpos
E
intertextos,
Cabelos
que se aproximam e fogem
Da
bunda inquieta
Como
se estivesse sendo observada
Enquanto
alguém escreve um poema
Ou
pinta um quadro;
Bunda
com intenções de nu,
Mas
preocupada por imaturidade profissional.
O
que me enlouquece em você
É,
porém, a própria loucura,
A
cortina entreaberta, a brecha, a lacuna,
A
festa da fresta da loucura
Que
atesta ao mesmo tempo
Sua
humanidade
E
sua singularidade mais pura.
Um comentário:
E o seu poema, Bonfá, é arrepiante, ensandece-nos os sentidos.
Versos que tiram o fôlego, tamanha a beleza das figuras imagéticas e expressivas combinadas.
Os versos finais, nem preciso falar, né?
Uma coisa que admiro muito em sua poesia é o constructo, qualidade que denota a riqueza de suas referências e atividade mental, especialmente quando propõe-se a fechar o círculo do poema.
Excelente texto, desses que não sei! (risos).
Grande abraço, meu amigo. Que venham mais e mais iluminações assim!
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