A
mulher se maquiando é uma potência de hiato temporal.
Tudo
ao redor se estabelece como foco
Para
que o ato perfeitamente ocorra.
A
cor adquire uma substancialidade artística,
Uma
função moral contra a natureza,
Ou
então uma função moral de se relacionar
Com
ela de modo mais profundo.
A
superficialidade da maquiagem
É
superficial somente na superfície;
O
rímel ri e a sombra sorri
Desta
superficialidade de superfície.
A
maquiagem autêntica não é, em primeira instância,
Para
os outros nem para si, mas para o ato em si.
É
um diálogo em silêncio ritual,
Um
estado crítico sempre maquiado
De
outras espécies de estados,
E
não se imagina que em uma nécessaire
Há
o necessário para que se trave
Uma
vereda intuitiva entre Rousseau e Baudelaire.
A
mulher é bela com ou sem maquiagem,
Mas
o ato tudo modifica,
Cria
a hipótese de se alterar o rumo
De
agenciamentos do corpo e da natureza,
Do
corpo e do corpo.
A
mulher maquiada é esta criação,
Esta
hipótese ambulante aberta à discussão,
Por
mais fechada e na superfície que possa parecer.
A
mulher é, no fundo, sempre bela.
É
a aparição, o mundo aparece através dela.
Mas
não é a mulher que, no fundo, usa a maquiagem.
É
a maquiagem que a usa como medium.
A
maquiagem é aquela verdade através da ilusão.
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