Uma
pele escamada, por dedos molhados
Antes
levados aos lábios folheada,
É
um livro, uma cultura, um repertório simbólico
Compartilhado
coletivamente
Na
solidão com um parceiro
De
uma (eterna) noite ardente.
Como
evitar neste momento (eterno)
A
voz tentadora deste memento more que
não morre,
O
fóssil que finge vida
Com
a inscrição “semper eadem” nos ossos
A
encaracolar o silvo da serpente do Éden?
Como
demover a ossatura da cultura
Folheando
com os dedos molhados
Uma
pele escamada
Em
uma noite (eterna) na solidão compartilhada?
Remover
cada escama que se enrosca na cama?
Descamar
(levantar da cama)?
Desenvolver
um novo arsenal simbólico
A
partir do que se ama?
Reconferir
este amor de modo a compor
Uma
nova relação entre folha e cama
Até
que a noção de cultura
Se
torne uma sensação temporal
Na
qual a eternidade é eterna somente enquanto dure
Uma
outra sensação de vertigem e ilusão
Que
reivindique para a eternidade
Uma
eterna progressão
Onde
o progresso eterno (tão nosso)
E
a eternidade (tão nossa),
Esta
sendo um processo, um devir,
Uma
contingência eternizada em cada porvir,
Assim
constatando que cada página
Será
uma mentalidade repaginada,
Serão
uma pele nova com o desejo de eternizar
Cada
contato, cada toque,
Mas
que a cada folheada
Exige
que tudo
-
O contato, o toque, a saliva,
O
jeito, o trejeito, e de tudo isto
Um
símbolo que se move -
Se
comova e se retoque e se renove
Como
uma pele viva e racional que semove
No
mais árido areal e no colchão mais mole?
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