Se
o próprio ar está com crise asmática
Como
posso respirar direito,
Como
posso folgar no resfolegar neblinoso?
Na
paleta densa da neblina nenhum rasgo luminoso
Prediz
qualquer traço numinoso
Ou
linha sibilina na face da chacina
Das
figuras que se liquefazem
Como
orvalho epiléptico
Ou
sendo fatiado até desaparecerem.
Na
agrura da figura,
Nos
seus hiatos readquiro maior fôlego
E
minha memória promove um olhar tensivo
Para
absorver a neblina.
Recordo
mulheres amadas de amor vago
Como
agora vago,
Recordo
amigos ageografizados,
Recordando-os
em sua ausência de onde se encontrar.
Recordo
uma recordação que vem do futuro,
Atinge
o presente e altera meu passado,
Recordo
que existência e sonho
Às
vezes caminham ao mesmo lado,
Recordo
que é fácil morrer, fácil matar.
Minha
memória então se desloca.
Não
se anula mas, megalômana,
Consegue
absorver a neblina,
Que
não se dissipa, mas guia a memória.
A
memória absorveu sua guia;
Revelou,
na verdade, que sua guia é sua guia,
Desvirginou
sua essência virgília
Em
sua semiconsciente vigília.
As
mulheres vão juntas, os amigos,
O
sonho, a existência...
A
neblina quer se expandir
Até
abarcar o mundo e, após, o universo.
Mas
um raio mais intenso de sol,
Que
não foi recordado,
Acordou
uma fatia no fantasma colossal
Que
buscava sua própria narrativa universal
E
que um dia foi neblina,
Um
dia foi memória,
Mulheres,
homens, amigos, desconhecidos, sonho, existência...
Que
um dia, imprevisto em qualquer mensuração temporal,
Eu,
enfim, fui.
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