,
sempre o prazer e o sofrimento
de
viver a sensação inóspita,
de
um pai apaixonado pela filha,
criando
a filha para se apaixonar mais profundamente,
uma
filha parecida com a mãe morta,
a
filha cadáver vivendo na violência
do
coração paterno, terrivelmente terno,
mas
afastada do coração
a
filha cadáver vicejando na mão
do
maconheiro de sábado à noite
e
pensando em como o pai gostaria de estar ali,
nem
que fosse junto com o maconheiro,
no
meio da fumaça do cigarro,
nem
que fosse vendo a filha sentir prazer
com
o maconheiro, acenando que ela sabe,
que
ela saberia sentir com ele,
e
que ele seria homem para ela,
e
até maconha ele fumaria,
e
até cheirar ele cheiraria,
e
depois reeducaria o bom caminho,
após
a cama e o último carinho,
viver
a sensação inóspita
da
paixão pela irmã, a grande irmã
linda
como a paixão de um pai incestuoso
reeducando
a filha, a grande irmã
mais
velha, meio sádica e bobalegre
a
que não se negue uma pitada de lesbianismo
espocando
na esquisitice de uma pinta sexy,
a
irmã casada, caçada pela memória
nas
noites onde a solidão deixou a solidão sozinha,
sempre
o prazer e o sofrimento
de
viver a sensação inóspita
de
qualquer negação extrema,
deuses
mortos brotando ausentes nos arredores das cidades
contando
suas crepuscularmente metafísicas dores,
o
caminho tortuoso autofecundante de qualquer idealidade,
o
amor comprado com foros de verdade
e
flores fake fartas de postura fria
sem pedir água,
o
abismo sutil entre o discurso e um espaço vazio,
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