Sou
um animal,
Ou
há um animal devorando minhas vísceras
E
sua cabeça surgirá
No
pó das ruínas de minhas costelas.
Racionalizo
isto
E
habito isto no discurso
Com
a frieza de quem tem consciência
De
que ser um animal
É
se saber um animal e o representar.
Porém
esta razão é também temor,
Há
medo na razão:
Sou
um animal que com colher e faca
Come
sua ração.
Meu
discurso se teme,
Há
temor e tremor no coração
Do
discurso maquiado de conceitos.
Sou
um animal sagrado, ritualístico,
Habitado
no discurso,
Esclarecido
e obscurecido na razão.
A
razão de tudo isto também é obscura.
E
tudo isto sei com a confiança de saber
E
com o temor de não saber,
O
temor de que a cabeça do animal
Destrua
minhas costelas.
A
cerimônia do sexo,
O
ato da alimentação,
O
encontro com a multidão
Me
dão confiança e medo, fé e temor.
Sou
um homem de fé perturbada,
Um
homem fera,
Sentindo
que a biologia vocifera
E
que minha consciência
Se
fortalece perante um ataque
Do
meu lobo, da minha matilha.
A
existência exige, então, uma estética,
Uma
ética que também é ékstasis.
O
homem fera é homem arte,
Cultua
sua cultura,
Tem
consciência disto perante
A
própria inconsciência em alerta
E
pensa, crê, teme, treme, ama... fala.
Falo
mesmo no discurso que meu lobo cala.
Banho
o suor nos meus pelos...
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