terça-feira, 21 de maio de 2013


O sangue e o esperma correm.
Como construir a imagem deste sangue
E deste esperma sonhadores
Que seriam, se fossem, uma só imagem
Se multiplicando como se o mundo
Fosse artérias, veias e outras passagens?
Não basta uma gota de sangue em cada poema.
Não basta ver o mundo com outros olhos
E nem a ausência de luz nos olhos.
É preciso que nada baste
Para alimentar este sonho
Do sangue e do esperma ou do que seja,
Já que tudo, por enquanto, ainda basta.
Qual a origem, se é que possui?
Qual o destino?
Um útero além do horizonte?
Um corpo indistinguível?
Mas talvez tudo isto ainda bastasse.
Seria preciso que nada bastasse.
Seria preciso tudo
Para que nada bastasse. 

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