Os
lábios brilhantes de Maria
Lambiscam
o tutano do sentido da vida.
Seus
outros lábios brilhantes
Salgam
mais sua urina sagrada
-
Chuveiro da revelação - em meu corpo,
Depositando
fé na oração
Após
chuva dourada.
É
preciso matar um deus
Para
receber sua unção,
Para
encontrar um milagre.
Esse
próprio parricídio é um milagre
Que
enriquecerá o espaço vazio
Da
sua humanidade interior,
Que
já é um glorioso cemitério de deuses.
Bebo
o leite de mãe Maria
Com
a malícia da ingenuidade
De
uma criança.
(E
se Cristo fosse um cabideiro?
Maria
ali esqueceria alguma lingerie?).
Preciso
retomar o amor de Deus
Ou
de algum deus.
Satã
trai, costuma ser traidor.
É
preciso que nós traiamos os deuses,
Para
que façam efeito.
Preciso
de um deus primitivo
Que
se aliasse à sua contemporaneidade.
Ricoeurtado
de algum momento
Pós-freudomarxonietzschiano,
Ou
vaticinado por Vattimo, ou...?
Ou
ainda assim às vezes jaguarificado
Como
xamãs de Mbaeverá?
Ou
então erótico-batailliano?
Farei
uma seleção de deuses
E
verei qual deles me escolherá
Para
que eu o escolha.
Porém
marianista permaneço:
Sua
urina me fascina,
Seu
milagre é todo dia.
Que
esse cemitério de deuses
Floresça
após o inesgotável milagre
De
sua chuva de ouro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário