terça-feira, 25 de dezembro de 2012


Meu desejo existe,
E o desejo da página
Que se mistura
Com o meu desejo.
Escrevo porque
O desejo insiste
E o desejo da página
Já é o composto
Que me assiste.
Passiva,
Sou o regulador
De sua geografia
Ínfima e vasta,
O tatuador
Desta body artist.
Pede agressão
E sou o estripador
Que depois
Brinca de necrópsia.
Ativa,
Sua passividade relativa
É o desejo de ceder
E de me refrear
(Tudo é ambíguo),
É o jogo que comporta
Na abertura gráfica
De mais de uma porta,
É sua inconsciência
Dotada da vida
Do meu inconsciente
Sempre vigilante
E presente,
É sua prisão
Que é a própria liberdade
Minha e sua:
Comunicação.
Esta necrópsia
É também uma autópsia,
Deus violento
Violando um deus,
Corpo não corporativo
De textura e paixão.
Caneta, bisturi, formão.

Um comentário:

Daniela Delias disse...

Sabe, Carlos Eduardo, eu não sei falar muitas coisas sobre poesia, de um ponto de vista analítico. Quando me perguntam algo sobre o ato de escrever, a primeira coisa que me vem à cabeça é a palavra "desejo". Talvez por isso tenha achado linda a ideia do desejo do poeta em acordo com o desejo da página. É lindo o teu poema.

Grande beijo,

carinho,

Daniela