Meu
desejo existe,
E
o desejo da página
Que
se mistura
Com
o meu desejo.
Escrevo
porque
O
desejo insiste
E
o desejo da página
Já
é o composto
Que
me assiste.
Passiva,
Sou
o regulador
De
sua geografia
Ínfima
e vasta,
O
tatuador
Desta
body artist.
Pede
agressão
E
sou o estripador
Que
depois
Brinca
de necrópsia.
Ativa,
Sua
passividade relativa
É
o desejo de ceder
E
de me refrear
(Tudo
é ambíguo),
É
o jogo que comporta
Na
abertura gráfica
De
mais de uma porta,
É
sua inconsciência
Dotada
da vida
Do
meu inconsciente
Sempre
vigilante
E
presente,
É
sua prisão
Que
é a própria liberdade
Minha
e sua:
Comunicação.
Esta
necrópsia
É
também uma autópsia,
Deus
violento
Violando
um deus,
Corpo
não corporativo
De
textura e paixão.
Caneta,
bisturi, formão.
Um comentário:
Sabe, Carlos Eduardo, eu não sei falar muitas coisas sobre poesia, de um ponto de vista analítico. Quando me perguntam algo sobre o ato de escrever, a primeira coisa que me vem à cabeça é a palavra "desejo". Talvez por isso tenha achado linda a ideia do desejo do poeta em acordo com o desejo da página. É lindo o teu poema.
Grande beijo,
carinho,
Daniela
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