terça-feira, 12 de julho de 2016

RUA SUJA

A multidão se alicia e se distancia
No seu cerne multitudinário.
A multidão se contradiz
E nega a contradição
Para revelar a diferença
(Em seu fundo de opacidade).
Quantas relações na multidão?
O que se passa no subterrâneo?
Que espécies novas de amor?
Que agenciamentos do desejo?
O desejo é ilimitado.
O ph ácido da vagina
De um corpo anônimo
(Um gigantesco corpo anônimo)
Garante a performação
De uma boca anônima
Que degusta uma fruta ácida.
A língua, suave dedo molhado,
Gesticula uma masturbação tântrica
(O Ocidente de repente oscila).
(Bombas explodem no aperto
De peitos e seios,
Que talvez estejam juntos em hospitais).
Como um grito de prazer e morte,
Revolta e orgasmo sujam as ruas.
Não haverá como limpar.  

Nenhum comentário: