quarta-feira, 31 de outubro de 2012

IRACEMA


Lábios de mel,
Melados
Com um baba
Rapunzel,
E com outros
Melados
Mais doces
Escorrendo
No sorriso
De hiena
De quem,
Entretanto,
Já melou
Os lábios
Com iguaria
Obscena. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

PRINCÍPIO DA REALIDADE

Threesome,
Foursome,
Fivesome...
Mas na hora
Todo mundo
Some.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


A criança...
A criança no claro-escuro
Da identidade.
Ressurgente,
Ressurreta pela via menos reta.
Mas não a criança trauma,
A criança édipa.
Antes na trama
Do cogito
À que não se cogita castração.
A criança...
A criança profanação;
Que entre o lúcido e o lúdico
Desconstrói o mundo
Como desconstrói um brinquedo:
(L)ego legado
Da imaginação.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012


Escrevo
Porque está ausente.
E a ausência
Não me completa
Em sua plena
Opacidade.
A ausência
É o sentimento
Da pureza,
Como a página
Branca da verdade.
Mas o que se sente
Não se escreve
A não ser ausente
Na própria escritura
Que é saudade.
Ter você pela violência
Ou não
É uma questão
De gradação
Da palavra,
Que será sempre
O vigário
Do que é vicário.
Há muitas vozes,
E quanto mais vozes
Mais ouvidos moucos.
Perenidade
É só a ausência;
Só ela
Fundamenta
Uma presença
Onde a brancura
Não pode viver.
Escrever:
Rica precariedade.
   

sexta-feira, 5 de outubro de 2012


Todos os sons da musa;
Mais ainda os sutis,
Subterrâneos.
Vascularidades
Conforme viscosidades
Discordes
Acordem os acordes
Dos sons subcutâneos,
E os mais viscerais
Sem que haja
Derramamento de sangue;
Todavia que a orquestra
Das bordas
Esboroe o fetichismo
Das formas.
Duas costelas de baquetas
E um quadril
De tambor: o suficiente,
Desde que
A macabra dissonância
Seja percuciente
E o som
Não ensurdecedor.
Mas acaba sendo insistente.
O fetiche
Sempre assume
O papel de imperador,
Mesmo em meio a ruínas.
Antes fosse
Poema eterno de amor.   

Deixar se inscrever
Não só o que está escrito;
Prever só a sombra
Do que é dito;
Prevalecer a luz
Como condição
Sine qua non
De não subtrair
O proscrito:
Ditado de risco.
O rasgo obscuro
No rosto da página,
Esfinge pálida
Como se um cisto
Quisesse ser quisto.
Risco de poesia
Onde não houvesse,
Ou nas intermitências
De tudo que se dissesse.
O istmo
Do lúcido e do lúdico
Como a ponte
De uma máscara
À outra
Virando mão dupla
Das zonas
De luz e sombra,
A não ser a página cega,
Onde tudo se desintegra,
Onde tudo
- Luz e sombra -
Se nega. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Desde o exórdio
Desta mixórdia
Espiritual, quis
Ser o exorcista,
O fiel padre
Que, na espera
Das mais aretinosas
Poses não cedesse
À tentação
De casanovismo
Como no caso das irmãs
Também possuídas.
Fiel padre,
Papa-hóstia ideal...
Mas que no final,
Cansado do vômito
E dos giros do pescoço
A transformasse,
Sem de Satã
Desejar ser um dos corifeus,
Em pelo menos
Uma putinha de Deus.